Bastante comum no meio pediátrico, sobretudo nos períodos mais frios do ano, o adenovírus é apontado por especialistas como possível agente causador da hepatite infantil aguda que vem sendo identificada em diferentes países desde abril — no Brasil, há 16 casos em investigação, segundo o Ministério da Saúde. Os mais de 50 subtipos conhecidos desse vírus podem causar uma quantidade significativa de doenças, que atingem principalmente crianças e apresentam desde sintomas respiratórios até quadros gastrointestinais.
Os adenovírus são mais comumente responsáveis por patologias respiratórias, que se manifestam nas vias aéreas superiores — provocando dor de garganta, tosse e coriza — ou atingem os pulmões, causando pneumonia viral e, em crianças menores, bronquiolite. Também podem causar gastroenterite, com diarreia e vômito, conjuntivite e síndromes urinárias, como cistite hemorrágica.
As infecções causadas pelos adenovírus geralmente são autolimitadas (que se resolvem, no geral, espontaneamente), quando ocorridas em pacientes sem doenças prévias que possam aumentar os riscos. Entretanto, em pessoas com comorbidades, como imunossuprimidas, os quadros podem ser mais agressivos e incomuns, inclusive com casos de hepatite.
Nas crianças, os quadros respiratórios acabam se manifestando de formas mais graves e, quanto mais novas elas forem, maiores são as chances de evoluírem para doenças respiratórias agudas graves. Nesses casos, crianças menores de dois anos, que desenvolvem bronquiolite, podem precisar de oxigênio e inclusive de ventilação mecânica na Unidade de Terapia Intensiva (UTI.
Transmissão e prevenção
Os adenovírus são transmitidos por vias respiratórias, por meio de gotículas expelidas por tosse e espirro, ou via fecal-oral, já que, em determinados casos, o vírus fica no trato intestinal. Assim, a transmissão se dá pelo contato com objetos, comida e água contaminados.
Conforme especialistas, as medidas de prevenção são semelhantes àquelas adotadas em relação ao coronavírus, como manter os ambientes arejados, evitar contato próximo e adotar etiqueta respiratória ao tossir ou espirrar.
Sobre a hepatite viral misteriosa
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 250 casos de hepatite aguda de origem desconhecida já foram confirmados em crianças de pelo menos 25 países, sendo a maioria no Reino Unido. A hepatite é uma inflamação do fígado, que pode acontecer por diferentes causas, como uma infecção ou intoxicação por medicamentos ou substâncias. Os agentes infecciosos mais frequentes são os vírus responsáveis pelas hepatites A, B, C, D e E, que não foram identificadas em nenhuma das crianças.
Embora a síndrome atinja pacientes de até 16 anos, a maioria dos casos está na faixa de dois a cinco anos. Muitos apresentam icterícia, uma coloração amarelada da pele e dos olhos que, por vezes, é precedida por sintomas gastrointestinais — incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos —, principalmente na faixa etária de até 10 anos. Grande parte dos casos não apresentou febre e, até o momento, a principal suspeita é de que o agente causador da doença seja um adenovírus.